Índice
- 1 Como entender os resultados
- 2 Eritrograma
- 3 Leucograma
- 3.1 Neutrófilos
- 3.2 Segmentados e bastões
- 3.3 Linfócitos
- 3.4 Monócitos
- 3.5 Eosinófilos
- 3.6 Basófilos
- 4 Plaquetograma
- 5 Bicitopenia e pancitopenia
- 5.1 Referências:
Exames Laboratoriais
Hemograma é o exame que avalia as principais linhagens de células do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. Ele é solicitado por profissionais da saúde para auxiliar no diagnóstico de várias doenças, incluindo anemia, infecções e leucemia.
Chamamos de hemograma completo aquele que contém resultados das três linhagens de células. Porém é possível solicitar exames de linhagens específicas: contagem de hemácias, solicita-se um eritrograma. Já os resultados de apenas leucócitos, o exame a ser pedido é o leucograma. Caso somente as plaquetas, deve-se solicitar um plaquetograma.
Como entender os resultados
O considerado normal é, os valores que ocorrem em 95% da população sadia. 5% das pessoas sem problemas médicos podem ter valores do hemograma fora da faixa de referência (2,5% um pouco abaixo e outros 2,5% um pouco acima). Portanto, pequenas variações para mais ou para menos não necessariamente indicam alguma doença.

Eritrograma
O eritrograma geralmente é apresentado no início do hemograma. Ele caracteriza os eritrócitos. Através deles, pode-se diagnosticar pacientes com anemias diversas.
Hematócrito e hemoglobina: os três primeiros dados, contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito, são analisados em conjunto. Quando estão reduzidos, indicam anemia, isto é, baixo número de eritrócitos no sangue. Quando estão elevados indicam policitemia, ou seja, excesso.
O hematócrito é o percentual do sangue que é ocupado pelos eritrócitos (outro nome para os eritrócitos é “hemácias”). Um hematócrito de 45% significa que 45% do sangue é composto por eritrócitos. Os outros 55% são água e substâncias diluídas. Praticamente metade de nosso sangue é composto por eritrócitos, nossas células vermelhas. A falta de eritrócitos prejudica o transporte de oxigênio, já o excesso deixa o sangue muito espesso, atrapalhando seu fluxo e favorecendo a formação de coágulos.
A hemoglobina é uma molécula que fica dentro dessas células, ela é responsável pelo transporte de oxigênio. Na prática, a dosagem de hemoglobina acaba sendo a mais precisa na avaliação de uma anemia.
O volume globular médio (VGM), mede o tamanho das células. Um VCM elevado indica eritrócitos macrocíticos, ou seja, grandes. VCM reduzidos indicam células microcíticas, isto é, de tamanho diminuído. Com esse dado podemos diferenciar os vários tipos de anemias.
Por exemplo, anemias por carência de ácido fólico cursam com hemácias grandes, enquanto que anemias por falta de ferro se apresentam com hemácias pequenas. Existem também as anemias com hemácias de tamanho normal. Interessante: o alcoolismo é uma causa de VCM aumentado (macrocitose) sem anemia.
O CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) dosa a concentração de hemoglobina dentro da célula. O HCM (hemoglobina corpuscular média) é o peso da hemoglobina dentro dos eritróctisos. Ambos valores indicam aspectos bem semelhantes. Quando têm pouca hemoglobina, as células são ditas hipocrômicas. Quando têm muita, são hipercrômicas.
O RDW é um índice que avalia a diferença de tamanho entre as hemácias. Quando este está elevado significa que existem muitas hemácias de tamanhos diferentes circulando. Isso pode indicar hemácias com problemas na sua morfologia. É muito comum RDW elevado, por exemplo, na carência de ferro, onde a falta deste elemento impede a formação da hemoglobina normal, levando à formação de uma hemácia de tamanho reduzido.
Leucograma
O leucograma é a segunda parte do hemograma, ele avalia os leucócitos. Como visto em Fisiologia, os leucócitos são um grupo de diferentes células, com diferentes funções no sistema imune. O valor normal dos leucócitos varia entre 4.000 a 11.000 células por microlitro. Quando os leucócitos estão aumentados, damos o nome de leucocitose. Quando estão diminuídos chamamos de leucopenia.
O aumento ou a redução dos valores dos leucócitos por si só não indica muito, já que é importante ver qual das seis linhagens foi a responsável por essa alteração. Como neutrófilos e linfócitos são os tipos mais comuns de leucócitos, estes geralmente são os responsáveis pelo aumento ou diminuição da concentração total dos leucócitos.
Grandes elevações podem ocorrer nas leucemias, que nada mais é que o câncer dos leucócitos. Enquanto processos infecciosos podem elevar os leucócitos até 20.000-30.000 células/mm3, na leucemia, esses valores ultrapassam facilmente os 50.000 cel/mm3.
As leucopenias normalmente ocorrem por lesões na medula óssea. Podem ser por quimioterapia, por drogas, por invasão de células cancerígenas ou por invasão por micro-organismos.
Vamos avaliar a dosagem de cada um dos 6 tipos.
Neutrófilos
O neutrófilo é o mais comum, representando, em média, de 45% a 75% do total circulante. Eles são especializados no combate a bactérias. Em infecções bacterianas, a medula óssea aumenta a sua produção e sua concentração sanguínea se eleva. Por isso, uma leucocitose, geralmente causada por neutrofilia, pode ser indício de infecção bacteriana. Os neutrófilos têm um tempo de vida de aproximadamente 24-48 horas e, assim que o processo infeccioso é controlado, a medula reduz a produção de novas células e seus níveis sanguíneos retornam rapidamente aos valores basais.
- Neutrofilia: aumento do número de neutrófilos.
- Neutropenia: redução do número de neutrófilos.
Segmentados e bastões
Os bastões são os neutrófilos jovens. Quando estamos infectados, a medula óssea aumenta rapidamente a produção de leucócitos e acaba por lançar na corrente sanguínea neutrófilos jovens recém-produzidos. Normalmente, apenas 4% a 5% dos neutrófilos circulantes são bastões. A presença de um percentual maior indica um processo infeccioso em curso. Os neutrófilos segmentados são os maduros. Na fase final da infecção, praticamente todos os neutrófilos são segmentados.
Linfócitos
Os linfócitos são o segundo tipo mais comum e representam de 15 a 45%. Os linfócitos compõem a princial linha de defesa contra vírus e tumores. São eles os responsáveis pela produção dos anticorpos. Em infecções virais, é comum que o número de linfócitos aumente, às vezes, ultrapassando o número de neutrófilos e tornando-se o tipo de leucócito mais presente na circulação. Os linfócitos também são as células atacadas pelo vírus HIV. Este é um dos motivos da AIDS (SIDA) causar imunossupressão e levar a quadros de infecções oportunistas.
- Linfocitose: é o termo usado quando há um aumento do número de linfócitos.
- Linfopenia: é o termo usado quando há redução do número de linfócitos.
Monócitos
Os monócitos normalmente representam de 3 a 10%. São ativados tanto por infecções virais quanto bacterianas. Os monócitos em outros tecidos, “circulantes”, são ativados se diferenciando em macrófagos, célula capaz de fagocitar os microrganismos. Os monócitos tipicamente se elevam nos casos de infecções, principalmente naquelas mais crônicas, como a tuberculose.
Eosinófilos
Os eosinófilos são os leucócitos responsáveis pelo combate de parasitas e pelo mecanismo da alergia. Apenas de 1 a 5% dos leucócitos circulantes são eosinófilos.
- Eosinofilia: é o termo usado quando há aumento do número de eosinófilos.
- Eosinopenia: é o termo usado quando há redução do número de eosinófilos.
Basófilos
Os basófilos são o tipo menos comum de leucócitos no sangue. Representam de 0 a 2% dos glóbulos brancos. Sua elevação normalmente ocorre em processos alérgicos e estados de inflamação crônica.
Plaquetograma
As plaquetas são os fragmentos dos megacariócitos produzidos na medula, que iniciam o processo de coagulação. Na lesão do vaso sanguíneo, o organismo encaminha as plaquetas ao local da lesão. Ao final do complexo processo, é formado um trombo, que estanca o sangramento. O valor normal das plaquetas varia entre 150.000 a 450.000 por microlitro (uL). Porém, até valores próximos de 50.000, o organismo não apresenta dificuldades em iniciar a coagulação.
Quando esses valores se encontram abaixo das 10.000 plaquetas/uL há risco de morte, uma vez que pode haver sangramentos espontâneos.
- Trombocitopenia: redução do número de plaquetas no sangue.
- Trombocitose: aumento do número de plaquetas no sangue.
A dosagem de plaquetas é importante antes de cirurgias, para saber se o paciente não encontra-se sob elevado risco de sangramento, e na investigação dos pacientes com quadros de hemorragia ou com frequentes equimoses (manchas roxas na pele).
Bicitopenia e pancitopenia
Quando temos redução de duas linhagens de células do sangue, como no caso do paciente com anemia e leucopenia, dizemos que ele tem bicitopenia. Já o paciente com as três linhagens de células do sangue abaixo dos valores de referência é dito como portador de pancitopenia.
Tanto a pancitopenia quanto a bicitopenia costumam surgir em pacientes com algum problema na medula óssea.
- Infiltração da medula óssea: neoplasias hematológicas, câncer metastático, mielofibrose e doenças infecciosas podem invadir a medula óssea e ocupar o local de produção das células sanguíneas.
- Aplasia da medula óssea: carências nutricionais, anemia aplástica, doenças infecciosas, doenças autoimunes e certos tipos de medicamentos podem afetar as células tronco da medula óssea, impedindo a produção de novas células sanguíneas.
- Destruição das células sanguíneas circulantes: a destruição antes do tempo das células sanguíneas circulantes também pode causar bi ou pancitopenia. As principais causas são: coagulação intravascular disseminada, púrpura trombocitopênica trombótica, síndromes mielodisplásicas, distúrbios megaloblásticos e hiperesplenismo.
Autor(a) : Sofia Cisneiros – @sofiacisneiros
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências:
Koogan, 2016. Renato Failace; Flavo Fernandes. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
NAOUM, P. C.; NAOUM, F. L. Interpretação laboratorial do hemograma. AC&T Científica. p.01-11, 2013.
LORENZI, F. T. Manual de hematologia: propedêutica e clínica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.